Aviso


Este site possui conteúdo Yaoi. Caso se sinta desconfortável com a temática homossexual, deixa o site e não leia o seu conteúdo!

Pesquisar


Postagens populares




Doce sonho (ou um lindo pesadelo)

Capítulo 4 - Master and Servant

Leo respirou fundo, abraçando com mais força o corpo em seus braços, se lembrando de quem era e ficando um pouco envergonhado. Ele abriu os olhos e encarou um divertido Kouga.

            - Bom dia, Kouga-sama. - disse, sentindo as bochechas ainda avermelhadas.

            - Bom dia, Leo. Acho que você já pode tirar esse tratamento do meu nome, não é? - O mais velho disse, dando um leve beijo na boca do moreno.

            - Ah, isso será difícil pra mim. - Leo sorriu, relaxando de encontro ao outro corpo, virando e procurando pelo quarto.

            - Rei já levantou, ao que parece. Quando acordei já não estava na cama. Deve ter ido comprar algo para o café. - Kouga sorriu.

            - Ah, certo. - Leo voltou a atenção ao Garo, mordendo os lábios enquanto o observava. - Kouga-sama, eu… tenho um pedido.

            - Um pedido? O que? - Kouga prestou atenção no monge.

            - Eu gostaria que fizesse algo por mim. Sempre tive um, ah, sonho. Pensamento. - Ele disse, tentando achar a palavra certa.

            - Fantasia? - Kouga perguntou, vendo o moreno ficar ainda mais envergonhado, mas concordando. - Que fantasia?


            - Eu quero que você aja como meu mestre. Me trate como seu servo. Talvez usando uma coleira . Ou um chicote. - Leo falou baixo, desviando o olhar para não mudar de idéia. - Ou os dois.

Kouga levantou um pouco o corpo. Era isso mesmo que ouvira o outro pedir? Virou o rosto de Leo para si, procurando ter certeza do pedido.

            - Você quer que eu seja o seu mestre, Leo? Com coleira e chicote é isso? - vendo a afirmativa do moreno, Kouga apenas suspirou. - Se é isso que deseja.

            - E queria apenas que você estivesse lá. Só eu e você. - Lord aguardou a resposta, preocupado com tanta ousadia.

            - Está bem, somente nós dois. Hoje à tarde você terá sua fantasia realizada. - Garo sorriu, dando um leve beijo no moreno.

Leo concordou, beijando o ruivo com mais força, levantando e procurando suas roupas, as encontrando arrumadas em uma das cadeiras. Viu a roupa separada próxima ao casaco branco de Kouga e percebeu que era uma calça nova.

            - Rei deve ter comprado hoje enquanto nós dormíamos. Ele ontem destruiu a que estava usando. - Kouga disse, saindo da cama e indo em direção ao banheiro. - Agora, banho. Está esperando o convite, Leo?

Leo viu o ruivo sair, pensando por alguns minutos e depois o seguindo, meio apressado.

***************************************************************************************************

Rei viu a energia negativa ser destruída, o Zero passara a manhã purificando locais. Ele sentou cansado próximo à estátua que acabara de limpar, jogando o cabelo negro para trás.

            - Você já chegou ao seu limite, Rei. Por que não aproveita e volta pra casa? Talvez Kouga e Leo ainda estejam lá. - Shiruba disse, preocupada com o seu cavaleiro.

            - Nah, eles já devem ter encontrado meu bilhete e foram para casa do Kouga. Vamos deixar os dois aproveitando de um tempo sozinho, Shiruba. - Rei respondeu.

            - Zero, o que pensa que está fazendo? - O medalhão perguntou - Está me preocupando. Kouga brigou com você ou algo assim?

            - Kouga é um príncipe, Shiruba. Mais fácil eu fazer algo para estragar tudo, e não, nada aconteceu. Apenas estou fazendo o nosso trabalho, deixando que eles aproveitem um pouco. - O moreno disse, terminando a conversa.

Rei fechou os olhos, deixando que a cabeça descansasse. Não queria mais pensar em nada, não queria mais pensar em Kouga e em seu cheiro, em seu sorriso. Não admitiria, não mesmo.  Aquela era a forma correta de ser, com Leo tomando conta do ruivo e, em breve, Tsubasa também. Zero ficaria feliz com o que sobrasse, ficaria bem com o tempo que lhe fosse dedicado. Era assim que ele planejara e era assim que devia ser.

***************************************************************************************************

Leo viu Kouga ler o bilhete deixado por Rei, explicando que ele tinha ido fazer o trabalho diurno dos cavaleiros e que depois retornaria. O monge viu a decepção nos olhos do mais velho, viu ele nem comer direito e ficar com o semblante fechado. Terminaram de arrumar as coisas, seguindo diretamente para a casa do ruivo. Gonza até parou ao ver a expressão no rosto do patrão, fazendo apenas uma reverência para o jovem monge.

            - Gonza, Leo ficará comigo a partir de agora. Mostre onde fica o meu quarto e o ajude a arrumar suas coisas lá. Vou treinar. - Kouga seguiu direto para o salão de treinamento, nem dando tempo para o mordomo responder.

Gonza não soube o que falar ou responder, vendo o rapaz moreno o olhar com tristeza, não entendendo bem o que acontecia. Ele não estava com o Rei? E agora também com o monge? Melhor fazer como Zaruba dissera: sem perguntas.

            - Leo-sama, venha por aqui. - O mordomo esperou o monge/cavaleiro o seguir.

Leo apenas concordou, seguindo Gonza, ainda pensando na reação do Kouga. O que Rei estava fazendo? Precisava dar um jeito de descobrir, de falar com o outro cavaleiro, mas não queria deixar Garo ainda mais irritado, saindo sem avisar. Esperaria que ele terminasse seu treino para isso.

***************************************************************************************************

A ruiva se aproximou do quarto onde seu mestre estava, abrindo a porta. Sheloh era um dos grandes horrors, alguns falavam que ele era irmão de Messiah, que os dois haviam criado toda a raça de demônios, outros falavam que ele tinha ligação com Gajari. A única coisa que tinham certeza era do imenso poder que ele tinha. River sabia disso, ela era uma humana quando conhecera a força do loiro, sendo então transformada em um tipo diferente de horror, um servo para o demônio. Tudo ocorria conforme o plano, o encontro com Garo, a aplicação do feitiço no corpo dele, todo o desenrolar. E pensar que fora tudo graças ao cavaleiro makai Zero?

Quem imaginaria que ele fosse levar aquele horror ao clube que seu mestre freqüentava? E que estaria acompanhado do cavaleiro dourado. River procurava uma forma de se aproximar do ruivo, ele havia sido a escolha de Sheloh para derrotar os malditos guardiões, para finalmente dominar toda a humanidade.

            - Mestre, notícia referente aos planos. O cavaleiro de Kantai está a caminho da casa do Garo. - Ela se ajoelhou ao lado do loiro que apenas sorriu.

***************************************************************************************************

Kouga saiu do salão de treino seguindo pela casa quieta e indo direto para o próprio quarto. O cavaleiro abriu a porta até parando para entrar. Leo estava ajoelhado ao centro, o moreno usava apenas uma coleira, o corpo perfeito e firme estava nu. Ao lado dele havia um chicote curto, de couro, com detalhes em dourado. Garo respirou fundo, aquela visão o deixando realmente excitado, sorrindo de forma doce. Sabia o que o moreno queria, sabia que ele apenas queria deixá-lo de bom humor, fazer com que esquecesse de Zero.

Kouga sabia que ainda não estava apaixonado nem por Leo ou por Tsubasa, que esse sentimento era reservado apenas para uma pessoa, mas era inegável que gostava dos dois cavaleiros. E era inegável que esse sentimento crescia cada vez mais. Fechando a porta, o ruivo foi até o Lord, pegando o chicote e encostando a ponta no queixo dele. A coleira era do mesmo material, com os mesmos detalhes em dourado e adornava perfeitamente bem o lindo pescoço do moreno.

            - Leo, meu lindo servo. Seu mestre está vestido demais para essa ocasião. - Ele disse, vendo o sorriso do outro que apenas acenou.

Leo retirou cada peça de roupa que cobria o corpo do Kouga, ficando de joelhos diante dele, se abaixando e beijando dos joelhos até seus pés, esperando a próxima ordem. Ele viu Kouga segurar o chicote nas mãos, flexionando devagar enquanto decidia o que faria. Garo bateu de leve com o chicote nas costas do moreno, usando o pé para empurrá-lo de encontro ao chão, soltando depois e indo até a cama e sentando na beirada dela:

            - Aqui, servo. Venha até aqui. Quero ver você andando até mim, de quatro e quando chegar, quero essa sua boca me chupando, devagar. Você consegue fazer isso por seu mestre? - O ruivo dissera, entrando na fantasia que Leo queria, fazendo o papel de mestre dominador que ele tanto desejava.

Leo gemeu baixo, ficando de quatro e indo até o Kouga, devagar e movendo o quadril como se o balançasse. Onde ele já havia sentido aquele cheiro antes? Parecia que estava ao redor de tudo, era diferente. Meio floral, meio sombrio. Tão bom. O moreno ficou entre as pernas do amante, segurando a base de seu membro e o colocando na boca, começando a sugar devagar, subindo e descendo, deixando que uma fina camada de saliva se formasse por sobre o sexo duro.

Kouga jogou a cabeça para trás, segurando Leo pelo cabelo e o forçando a ir mais rápido, quase o fazendo engasgar. Garo recuperou um pouco do controle, não queria machucar o moreno nem agir com brutalidade desnecessária, mesmo esse sendo o pedido feito. Lord aumentou o ritmo com que chupava, fazendo com que toda a ereção deslizasse por sua garganta, voltando e somente sugando a ponta, ouvindo os gemidos que saíam da garganta do Garo, aquilo vibrando na sua própria ereção que já pingava. O cavaleiro dourado puxou o cabelo do monge com força, o fazendo levantar o rosto, o puxando pra si, o beijando e falando devagar.

            - Muito bom, meu servo, mas não é aí que quero gozar. Você sabe onde eu quero fazer isso, não sabe? Bem fundo, em você. Te preenchendo todo. É isso que deseja? Hum? - Kouga viu o moreno tremer.

            - Sim, é isso que desejo, meu mestre. É o que mais quero, você fundo dentro de mim. - Leo respondeu, sem fôlego.

            - Então você irá até a minha mesa, pegará o tubo de creme que deixei ali e voltará aqui. - Kouga disse devagar, vendo o moreno fazer exatamente o que ele falara, retornando e permanecendo ajoelhado aos seus pés. - Agora, você vai pegar um pouco do creme e vai subir na cama, vai colocar ele em seus dedos e irá enfiá-los bem fundo na sua entrada. Fará isso até eu achar que está bom.

Leo sentiu até um arrepio, subindo na cama e ficando de quatro, era tão obsceno o que ia fazer, deuses, era até imoral. Ele colocou o creme em dois dedos, curvando corpo e procurando sua entrada, a achando e enfiando os dedos ali, entrando e saindo, sentindo a barreira do anel começar a ceder. Kouga observava, pegando o chicote batendo nas ancas do moreno, bem de leve, fazendo ele se sobressaltar.

            - Mais rápido e mais um dedo, não apenas dois. E mais fundo. Assim mesmo – Kouga sorriu quando Leo o obedecera. - Você deveria poder se ver, meu servo. Não deve existir nada mais apetitoso do que isso.

Leo apenas conseguia gemer, o corpo tremendo já, chegando no limite. Kouga pareceu perceber, pois o ruivo segurara a mão do moreno, pegando os dedos melados e passando eles devagar contra seu sexo duro. Segurando as ancas claras, ele começou a penetrá-lo devagar, bem devagar, quase como uma tortura, fazendo com que ele sentisse toda a passagem pelo canal apertado.

            - Vamos, lá meu servo. Você quer isso, você quer ser comido, então rebola. Eu quero ver você rebolando, fazendo com que eu entre e saia do seu corpo. - Gemendo baixo, Kouga viu exatamente Leo mover o quadril, batendo a pele clara de sua bunda de encontro ao seu baixo-ventre.

Segurando o quadril dele, o ruivo começou a estocar, o acompanhando, aquilo já chegando ao limite dele também. Parando devagar e saindo do amante, arrancando um gemido pela falta do contato. Virando o corpo do Leo na cama, Kouga voltara a puxar ele pra si, mergulhando todo no canal, sentando na cama e fazendo com que o outro ficasse em seu colo, a ereção dele se esfregando em seu abdômen, abafando os gritos que dava com um beijo longo.

Estava tão próximo, tão perto. O cheiro de Kouga, o beijo dele. Suas mãos em seu corpo. Leo não suportava mais a pressão, sentindo o jato quente molhar os dois, todo o músculo de seu canal se contraindo, fechando o caminho para a ereção dentro de si, ouvindo o ruivo grunhir antes de sentir o líquido quente o inundar por dentro também. Não sabia o porquê e não entendia como, mas estava chorando.Garo parou devagar de se mover, vendo o mais novo chorar, deitando sobre ele e segurando seu rosto, retirando a coleira que ele colocara e a jogando de lado.

            - Leo, Leo, me desculpe. Eu o machuquei? Não, não chore. Por favor. - Kouga disse, preocupado.

            - Não, Kouga-sama, você não me machucou. É, eu nunca imaginei que isso aconteceria, que você estaria assim comigo. É uma bobagem, por favor, não ligue. - O moreno disse, limpando as lágrimas e sorrindo.

Kouga suspirou, ficando deitado com o outro, saindo devagar de dentro dele, vendo se não estava machucado mesmo, voltando e o abraçando. O que ele poderia dizer?

            - Leo, como se isso pudesse ser diferente. - Olhando o moreno. - Vocês entraram em meu coração e espero que nunca mais saiam.

            - Nem se você me expulsar, Kouga-sama. Nem assim eu sairei. Eu o amo, amo muito. Nunca irei lhe deixar, nem eu, Tsubasa ou Rei. Nunca. - O moreno disse, com toda a sinceridade que podia.

Kouga ficou sem palavras, apenas abraçou o monge moreno com força, ficando assim um bom tempo. Ele desejava poder corresponder ao sentimento do monge da mesma forma. Será que um dia ele poderia dar para os dois o que tanto buscavam?

***************************************************************************************************

Rei chegara em casa, colocando em cima da mesa as sacolas com os doces que comprara. Ele olhou para o aparelho de celular que ficava na sala, vendo que ele piscava. Zero apertou o botão, ouvindo a mensagem eletrônica dizer que tinha 6 mensagens na caixa postal. Ele ouviu a voz de Kouga falar seu nome e desligar. A voz do ruivo perguntar onde ele estava, desligar. A voz do Garo novamente, uma única palavra: Me ligue. Desligar.  A próxima mensagem não tinha nada, mas Rei sabia quem era. Desligar. Ouviu a voz de Leo, preocupado, perguntando o que estava acontecendo. Desligar. A voz de Tsubasa avisando que estava indo para a casa do cavaleiro dourado e pedindo para avisá-lo. Desligar. O cavaleiro prateado ficou olhando para o celular em suas mãos, mandando apagar todas as mensagens. Jogando o aparelho em cima da mesa, ele começou a tirar o que ia comer.

            - Você deveria ligar pra eles. - Shiruba disse.

            - Depois, né? Vou comer e tomar um banho, aí eu ligo. - Ele respondeu sem querer mais nenhuma conversa.

Shiruba suspirou, ele passara o dia em silêncio, sem falar nada, apenas caçando e andando pela cidade. O que teria acontecido para deixar seu cavaleiro daquele jeito?

***************************************************************************************************

Gonza ouviu a campainha, indo atender a porta e dando de cara com o que parecia ser um cavaleiro makai, todo de branco e vermelho.

            - Pois não? - O mordomo disse, olhando o estranho.

            - Kouga está? - Tsubasa perguntou, pelo visto não era esperado, pelo visto Rei não havia avisado o ruivo ele que viria.

            - Está, aguarde um momento. - O mordomo disse, indo chamar o Garo.

Gonza bateu de leve na porta, sem se atrever a entrar no quarto agora, não depois do que escutara de tarde. Ele ainda se achava muito moço para morrer de choque.

            - Kouga-sama, existe um cavaleiro makai o esperando. - Ele viu a porta se abrir, fazendo uma reverência.

Kouga concordou, indo com Gonza até a porta e encontrando Tsubasa.

            - Imaginava quando apareceria. Está tudo bem, Gonza. Esse é Tsubasa, o cavaleiro da Noite Branca, ou Dan. Ele protege Kantai. - Kouga respondeu.

            - Ah, um prazer em conhecê-lo, Tsubasa-san. - O mordomo disse, se curvando. - Deseja que eu arrume o quarto de hóspedes, então?

            - Não será necessário, Tsubasa ficará no meu quarto. Venha, Tsubasa. Leo gostará de vê-lo aqui. - Kouga segurou o outro cavaleiro pela mão, o levando até seu quarto, deixando um boquiaberto Gonza.

            - ...Três? Eu estou velho demais para essas coisas. - Gonza levou a mão à cabeça, encostando contra a porta.

Kouga abriu a porta para que Tsubasa passasse, entrando logo atrás.

            - Leo, temos visitas. - O ruivo viu o monge sair do banheiro e sorrir.

            - Tsubasa-san, conseguiu vir também. - Leo falou bem feliz.

          - É, a sacerdotisa Garai conseguiu que eu saísse de Kantai por dois dias, depois devo retornar e terei de esperar uma liberação do Senado para voltar aqui. - Tsubasa falou, cruzando os braços. - E o Rei?

            - Deve estar na casa dele, algum compromisso importante. - Kouga disse, ficando com o rosto fechado. - Vou verificar com Gonza os preparativos para o jantar.

Leo esperou Kouga sair, indo até o Tsubasa e o puxando para o canto.

            - Nós temos um problema. Rei-san saiu de manhã, nem vimos levantar e sair e até agora não retornou nem as ligações de Kouga nem as minhas. - Leo falara para o Tsubasa.

            - E por que isso? Aconteceu algo? - Dan perguntara.

            - Não sei, mas preciso descobrir. Kouga-sama não quer deixar transparecer, mas está muito triste com isso e chateado. Eu quero ir até a casa de Rei-san e preciso da sua ajuda. - Leo viu a expressão de Tsubasa, sem entender o que ele falara.

            - Ajudá-lo? Como? - Tsubasa perguntara, sem entender.

            - Preciso que distraía Kouga-sama por um tempo, enquanto eu vou até Rei-san e converso com ele, sem que ninguém perceba. - O mais novo explicara.

            - E como você acha que farei isso, Leo? Mesmo que eu consiga distraí-lo, Kouga sentirá a sua falta aqui. - Tsubasa falou, abismado.

Leo sorriu, ficando com o rosto vermelho e indo ate onde tinha suas coisas, pegando um pacote e entregando para o outro cavaleiro.

            - Quando viemos para cá hoje, passei em uma loja especializada em fantasias e fetiches, sabe. Acabei comprando algumas coisas e bom, Kouga comprou isso para você, disse que combinaria e acho que ele gostará de vê-lo usando. - Leo viu o rosto de Tsubasa quando abriu o pacote, olhando depois para o chão.

            - O QUE???????????????????? Kouga disse que comprou isso pra mim? - olhando o Leo.

            - Ele não disse, eu vi. Comprei umas coisas e ele escolheu esse exatamente pra você. - Leo falou - E agora é a oportunidade perfeita para usar, com certeza ele não vai pensar em mais nada por algumas horas. E você precisa garantir essas horas, Tsubasa-san, sem esmorecer ou perder a batalha antes da hora.

Tsubasa ficou com a boca aberta, olhando para o outro e para o pacote em suas mãos, voltando a olhar para o Leo. Imaginava muita coisa, menos Kouga nesse tipo de loja e comprando exatamente esse tipo de coisa, voltando a olhar para o conteúdo do pacote.

            - O bom é que faça agora, antes do jantar.  - olhando o relógio - Se eu sair agora, devo retornar antes das 21:00hs o que dará tempo para jantarmos juntos. Conto com você para isso, Tsubasa-san.

Dan ficou olhando para o monge, o vendo sair do quarto e voltando para o pacote em suas mãos, dando com os ombros.

            - Bom, o jeito é aproveitar o fogo do inferno, pelo visto. - Tirando o casaco e sua roupa e deixando as coisas em um canto. Tsubasa se arrumou para dar o tempo que Leo precisava.

            - Bom, ainda demorará um pouco, Gonza não esperava uma visita a mais e… - Kouga até parou de falar, vendo Tsubasa a sua frente.

Dan usava um uniforme escolar feminino. A blusa branca estruturada seguia os contornos de sua cintura fina, a saia rodada era vermelha e curta, bem curta, deixando as pernas dele de fora. As longas meias brancas com detalhes em vermelho completavam todo o visual, com o moreno arrumando os laços da roupa.

            - Kouga-sama, Leo disse que você havia comprado isso pra mim e eu pedi para ele dar uma saída, né? Para que eu pudesse experimentar e provar meu presente. Então, o que achou? - Dando uma volta. - Era isso o que tinha imaginado?

Kouga lambeu os lábios, realmente não tinha entendido porque comprara aquilo para Tsubasa, já estava sendo mais do que afetado pelo Rei, mas quando tinha visto o uniforme a única coisa que pensara fora no Dan e em alguma punição.

            - Você, hum, ficou muito bem nele. Realmente. - Garo disse, fechando a porta e indo até onde Tsubasa estava, vendo o outro cavaleiro colocar as mãos para trás.

            - Que bom que gostou, Kouga-sama. Pelo menos não serei punido por isso. - O moreno disse, meio que sorrindo.

            - E pelo que você gostaria de ser punido, Tsubasa? - Kouga perguntou, colocando as mãos na cintura do outro.

            - Pelo que você desejar. - Tsubasa puxou o mais velho, o beijando. O corpo menor se moldando de encontro ao dele enquanto puxava as suas roupas.

Kouga correspondeu ao beijo, pensando que seria mais fácil andar sem roupa por uns dias, do tanto que ela era retirada, rindo dessa bobagem. Ele segurou o cavaleiro branco com o braço, o levando até a sua mesa. Tsubasa passou as pernas ao redor da cintura do ruivo, o vendo apenas abrir o zíper de sua calça e mordendo os lábios. Era até mais excitante daquele jeito, dava um ar de errado, de proibido.

Kouga afastara os objetos de cima de sua mesa, deitando Tsubasa nela e subindo sua saia, o cavaleiro todo nu por baixo, do jeito que ele desejava. Segurando as ancas dele, uma em cada mão, ele viu Dan gemer em antecipação. O cavaleiro branco soltou um grito de susto quando recebera o primeiro tapa, olhando para o ruivo que apenas sorriu.

            - Para não esquecer de se comportar, Tsubasa. - Garo disse, puxando a blusa branca para cima, lambendo devagar do umbigo ate um dos mamilos rosados, o mordendo bem devagar, fazendo o mesmo no outro.

Tsubasa arqueou o corpo, respirando rápido e se contorcendo, deixando que o ruivo fizesse o que desejasse, oferecendo o corpo inteiro para as mãos e boca do amante.  Kouga explorava cada pedaço de carne, deixando uma trilha de marcas avermelhadas e úmidas. Indo devagar até a boca do moreno, ele começou o beijo deslizando a língua ali e explorando cada canto.

Se alguém falasse que um dia ele estaria daquele jeito: usando um uniforme feminino, em cima de uma mesa, com as pernas abertas e gemendo, Dan teria pulverizado essa pessoa da face da terra. Nunca em sua cabeça aquilo fora sequer imaginado ou desejado, mas como era bom. Respirando fundo, o moreno percebeu o aroma que o rodeava, sem cortar o beijo que trocava com Kouga. Parecia algo agridoce, era tão intenso, intoxicante. Delicioso.  Garo se afastou um pouco, vendo os olhos do Tsubasa se alterarem, as pupilas ficarem dilatadas e focadas somente nele. Ele puxou o moreno um pouco, o virando sobre a mesa e o deitando de bruços. A saia fora levantada, deixando exposta a bunda branca e redonda dele, tão perfeita para ser mordida, lambida, levar uns tapas.

Tsubasa apoiou o corpo com as mãos, gemendo cada vez mais alto quando Kouga segurara suas ancas, abrindo e enfiando o rosto ali, lambendo todo o rego até o buraquinho que piscava. Suas pernas perderam a força quando a língua dele invadira o local, molhando cada prega, a saliva escorrendo devagar até suas coxas.

            - Kouga, Kouga, pare de me torturar, por favor. Eu quero você, agora. Agora. - Dan começara a implorar, movendo o quadril de forma sugestiva, já sem querer esperar mais nada.

Em um movimento fluído, Kouga subira o corpo, se encaixando no Tsubasa, sua ereção pressionada contra a entrada dele.  O ruivo segurou firme a sua cintura e com um gemido longo o penetrou todo de uma única vez, começando a estocar devagar. Com o peito encostado nas costas do Dan, Garo aproveitou para dar atenção ao lindo pescoço dele. Tão longo e elegante, perfeito para ser marcado por leves chupões. Ele o puxou pelo quadril, fazendo com que se empinasse ainda mais, levando uma das mãos até a mesa para um apoio maior.

Dan apoiou o rosto de encontro ao torso da mão de Kouga, sem pensar, apenas agindo, apenas seguindo o cheiro que vinha da pele dele, cravando os dentes nela e abafando seu grito. A pressão do prazer explodindo e desmanchando, os dois gozando juntos, ficando assim, parados por um tempo. Tsubasa lambeu devagar o lugar que machucara, dando beijos em toda a mão e pulso do ruivo e o sentindo sair de dentro de seu corpo. Virando e o beijando com os olhos ainda dilatados e a pele ainda quente. Ele saiu da mesa, empurrando o ruivo em direção ao quarto.

            - Kouga-sama precisa me punir ainda mais. - O moreno disse entre o beijo, começando a tirar a roupa que Garo ainda usava. Ele havia prometido algumas horas para Leo e cumpriria a promessa.

***************************************************************************************************

Leo chegou à casa do Rei, o monge usara o caminho makai para não perder tanto tempo, esperando que Tsubasa conseguisse distrair o Kouga pelo tempo suficiente. Ele bateu à porta, aguardando educadamente para que o Zero a abrisse, vendo o cavaleiro o olhar com certa curiosidade ao fazer isso.

            - Leo? O que faz aqui? - Rei perguntara, dando espaço para o outro entrar.

            - A pergunta é o que você faz aqui, Rei-san e por que não retornou nenhuma das nossas ligações? Kouga-sama está preocupado e muito entristecido por sua causa. - O monge disse, entrando.

Rei suspirou, fechando a porta e indo até a sala, se jogando no sofá. De todos tinha que ser logo Leo e seu jeito de menino para vir atrás dele? Era tão mais fácil lidar com Tsubasa, mandar o outro cavaleiro se ferrar e não se meter, mas Leo era um assunto diferente. Apesar de já ter puxado a espada para o monge (quando ele parecia ser uma ameaça ao Kouga), Leo sempre produzia um sentimento de proteção em Rei, como se ele quisesse cuidar do moreno.

            - Não tive tempo, estava trabalhando. Alguém precisa fazer isso e achei que gostaria de ter esse tempo livre para ficar com Kouga. Tsubasa já chegou pelo visto. - Zero disse, meio irritado.

            - Ah? Você sabia que ele vinha? E nem assim nos ligou. Podia ter avisado, Rei-san. Eu não sei o que está acontecendo, mas sei que não é desse jeito que age. Se foi algo que fiz, por favor, me perdoe. Só não castigue Kouga-sama por isso. - Leo usava aquela expressão preocupada, parecendo um filhote perdido na mudança.

            - Ah, porra Leo, desse jeito não tem nem como ficar bravo com você! - Rei disse, descruzando os braços. - Nenhum de vocês fez nada, deixa de bobagem. Se o Senado perceber que estamos renegando nosso trabalho é adeus Kouga pra sempre, eles não deixarão nem que cacemos juntos e sabe disso.

            - Então você não tem nenhum problema de voltar comigo para a mansão e jantar conosco. - Leo disse, vendo a reação de Rei.

            - Não! Eu não vou até a mansão de Kouga. Jantares não são o que chamo de diversão. - Rei levantou do sofá, tirando Shiruba da mão e a colocando em seu lugar.

            - Por quê? Por que não quer ir até a mansão, Rei-san? - O monge perguntou vendo a forma que Zero enfatizara a palavra mansão em sua frase.

            - Leo, eu não quero falar disso, é pessoal. Não é você ou muito menos Kouga, é algo meu, mas não vou para a mansão dele. - Rei estava cada vez mais irritado.

Leo observou a forma como os ombros de Rei caíram, a forma como ele parecia estar se acuando, se fechando. Então era algo com a mansão?

            - Rei-san, por favor, me deixa te ajudar. - O monge disse, seguindo Rei e o segurando pelo braço, com delicadeza. - Sei que não sou o Kouga e que não tenho a menor importância, mas não consigo ver nenhum de vocês sofrendo. Nenhum.

Rei segurou o rosto de Leo, o beijando, fazendo com que parasse de falar, empurrando o corpo dele contra a parede e prendendo suas mãos acima de sua cabeça. Ele não queria ouvir mais nada, não queria pensar em mais nada. Sentiu o moreno tentar se soltar, forçando a coxa entre as pernas do monge, as deixando abertas.

            - Leo, Leo. Você tem muita importância, mas não pode me ajudar, ninguém pode. - Zero disse, mordendo devagar o queixo do monge e o mantendo preso ali. - Non, maintenant, vous serez tranquille et encore. Vous voulez m'aider, mon beau moine ? Donc, juste se taire et je t'aime. Permettez-moi de dévorer votre corps tout entier. (Não, agora você ficará quieto e parado. Quer me ajudar, meu lindo monge? Então, apenas fique quieto e me deixe te amar. Me deixe devorar todo o seu corpo.)

            - Eu... eu... eu não entendo francês, Rei-san, por favor. - Leo virou o rosto, sem conseguir afastar o outro de si.

            - Vous n'avez pas besoin de comprendre, juste obéir. Et faire ce que je veux. (Você não precisa entender, apenas obedecer. E fazer o que quero.) - Zero terminou, forçando o rosto de Leo para si e o beijando, não deixando nenhuma dúvida do que ia fazer.

Sem permitir que o monge se soltasse, Rei levou a mão ate o baixo-ventre dele, a enfiando dentro de suas calças e apertando o volume ali. Leo soltou um grito baixo, assustado.

            - Rei, pare por favor, você está me machucando e me assustando. - O monge disse, virando o rosto.

            - Leo, olhe pra mim. Eu preciso disso, preciso esquecer. Não quero mais pensar, só quero sentir. - Zero falou de encontro ao pescoço do outro, vendo ele ficar mais calmo. - Me faz esquecer de tudo o que sou.

Leo ficou parado, virando o rosto para o Rei. Havia tanto desespero em sua voz, tanta dor. Necessidade. O monge relaxou o corpo de encontro ao outro, falando um “está bem” baixo, deixando que o Zero o beijasse, correspondendo aos poucos. Eles foram tirando a roupa um do outro, devagar. O cavaleiro prateado beijava cada pedaço do corpo do monge que aparecia, idolatrando a pele macia. Lord era como uma prece, uma oração que lhe acalmava o sangue e o fazia esquecer. Esquecer de Kouga. Esquecer... Não! Sem nomes, sem travas, sem ligações.

Aquilo não era apenas sexo, não queria apenas usar o corpo de Leo por prazer. Era muito mais que isso, era Rei provando que conseguia levar outro pra cama, que conseguia sentir prazer com outro que não fosse... já estava novamente pensando, já estava novamente dando nome ao sentimento que renegava. Ele deitou o monge no sofá, ficando entre suas pernas, começando a se esfregar inteiro no moreno. As mãos seguindo até o seu sexo e o masturbando junto da própria ereção. Ouvia os gemidos do Lord como um incentivo, voltando a beijá-lo.  Os dois cavaleiros se moviam juntos, como uma sinfonia de sexo e prazer, de entrega e esquecimento. 

Leo apenas sentia, seguindo o que Rei estava fazendo, seguindo o que ele lhe pedia com as mãos, a boca, o corpo. Ele viu quando Zero pegara algo ali perto, sentindo um cheiro conhecido e vendo nas mãos dele um tubo de creme, o mesmo creme que Kouga tinha em sua mesa. Era um cheiro adocicado, como vanilla. Ele parara o raciocínio quando sentira a invasão dos dedos do cavaleiro prateado dentro de si, os rodando no seu canal e o alargando. Deixando as pernas mais abertas e soerguendo o quadril do sofá para dar espaço ao que ele fazia, Lord deixava claro o que queria, deixava claro a permissão que dava ao outro.

Rei segurou a cintura do outro, se encaixando nele, forçando o quadril e entrando devagar. Não queria que Leo sentisse nenhuma dor, nenhum desconforto, apenas prazer. Quando se viu todo enterrado no corpo quente e perfumado, Zero começou a se mover, estocando lentamente e aumentando o ritmo. Ele ouvia a voz doce do monge chamando seu nome, pedindo mais e mais, cada vez mais. E era o que ele fazia, mais e mais.

Leo apertou a mão de Rei, sentindo o prazer se concentrar e expandir desde a sua espinha para o resto do corpo, vibrando em seu sexo que já pingava, comprimido de encontro ao abdômen do Zero. Estava tão perto, estava tão próximo. O abismo o esperava, o puxava, levando os dois juntos, ao mesmo tempo, ao pico e ao clímax, deixando tudo ser apagado por segundos.

Rei apoiou o corpo para não cair sobre o do Leo, saindo devagar dele e deitando ao seu lado, da melhor forma que podia em um espaço tão apertado. Ele pensou que perderia o controle como havia feito na noite anterior. Ele nunca admitiria que somente uma pessoa conseguia fazer aquilo, fazer com que perdesse completamente o controle.

Leo abriu os olhos, o monge sentindo de repente uma culpa enorme. Não era para aquilo que tinha ido ali, não era para trair a confiança de Kouga duplamente. Não haviam falado sobre isso, o acordo era dividir o amor e a cama do Garo, não aproveitarem um do outro. Ele sentou devagar, se afastando do Rei.

            - Leo. - Ele ouviu o outro chamar, virando o rosto para o Zero que o olhava com um sorriso. - Obrigado.

Leo fez um sim com a cabeça, pegando suas roupas e as vestindo. Eruba havia ficado calada o tempo todo, mas sabia que ia escutar do anel quando estivessem sozinhos.  Ele viu a carta vermelha chegar, virando para o Rei.

            - Ordens? Droga. - Zero pegou a carta e abriu, lendo o que falava. - Droga tripla. Temos trabalho, Leo e é coisa grande. Kouga irá nos encontrar no lugar marcado. - Disse já se arrumando, nem prestando atenção na expressão de desespero que o monge ficara.

Kouga descobriria que saíra de casa sem o avisar. Leo apenas sabia que estava em uma enrascada e não havia como sair dela.

***************************************************************************************************

Gonza pegou a carta em suas mãos, indo correndo até o quarto do seu patrão, batendo na porta, meio exasperado.

            - Kouga-sama, chegaram novas ordens do Senado e são urgentes. - O mordomo disse, batendo várias vezes na porta que se abriu, mostrando um descabelado e suado Tsubasa, que usava um uniforme escolar feminino bem sugestivo e tinha marcas roxas por todo o corpo, principalmente no pescoço e pernas.

            - Ele está no banho, mas eu a entregarei. - O cavaleiro pegou a carta fechando a porta.

O mordomo ficou parado ali, com os olhos arregalados. Era definitivo, depois de tanto tempo ao lado da família Saejima, Gonza estava prestes a se internar em um tratamento psiquiátrico. Ou sofrer um derrame. Infarto. Tsubasa foi até a cama, entregando o envelope para o Kouga, vendo o cavaleiro queimá-lo.

            - Nós temos de ir. - Garo disse, saindo da cama e pegando suas roupas. - Leo disse onde estaria? Ele também foi convocado, assim como Rei.

            - Ah, bom, então acho que ele estará lá, esperando por nós. - Tsubasa disse, vendo o olhar do Kouga, não querendo estar na pele do monge quando ele o reencontrasse, trocando de roupa em silêncio.

Kouga não disse nada, esperando o outro ficar pronto. Ele pegou o casaco branco, o colocando. O que mais tinha certeza era que estava na hora de mostrar quem mandava ali, de um jeito ou de outro.

***************************************************************************************************

Leo olhou a rua deserta, procurando se mais alguém já havia chegado. Pelo visto, ele e Rei eram os primeiros ali, ou seja, ainda teria algum tempo de vida até Kouga chegar. O monge se sentia culpado pelo que fizera, a forma que fizera com o Zero. E isso era piorado pela sensação de ter sido apenas para satisfazer algum desejo sexual do outro cavaleiro makai, já que Rei não falara nada até agora.

            - Leo. - Rei estava ao seu lado, parecendo que lia cada pensamento na sua cabeça. - Eu sei que está se culpando pelo que aconteceu na minha casa. Desculpe se eu o forcei, desculpe se não era o que queria, mas preciso que saiba: não fiz sexo com você apenas para obter prazer de alguma forma. Gosto de você, gosto mesmo.

Leo se surpreendeu, o moreno inclinando o rosto. Rei o olhava com tanta tristeza nos olhos, ele queria tanto poder entender o que estava acontecendo.

            - Também gosto de você, Rei-san. Me alivia saber que também sente o mesmo, mas ainda não entendo o que está acontecendo. - Leo disse, sem perceber a presença dos outros dois cavaleiros ali.

Kouga parou no meio do caminho, a frase do Rei percorrendo seu cérebro devagar. Ele olhou os dois morenos conversando, a forma com a qual Rei ficava próximo ao Leo, sem nenhuma tensão ou rivalidade. Pareciam perfeitos juntos.

            - Hei, vocês dois! - Tsubasa disse, passando pelo Kouga e indo até os outros.

Leo virou o rosto, vendo o Kouga e sorrindo, parando no meio do caminho ao ver a expressão séria do cavaleiro, se abraçando com o olhar frio que recebera.

            - Ah, então chegou. - Rei falava já com a sua habitual mascara presente. - Posso dizer que tiveram alguns momentos divertidos, né Tsubasa?

            - Alguns. - Tsubasa respondera, vendo o silêncio vindo do Kouga, voltando para os outros dois. - Então, acharam alguma coisa?

            - Não, eu ia começar a fazer uma magia para busca e localização. - Leo dissera, retirando a mala de suas costas e se ajoelhando, com o pincel madou em suas mãos.

Tsubasa fez um sim com a cabeça, se aproximando do Rei e falando baixo para ele, tentando fazer com que Kouga não os escutasse:

            - Então, o que aconteceu que você sumiu, Rei? E nem deu meu recado pro Kouga. - Dan disse, vendo a cara de irritado do outro.

            - Olha, Tsubasa, acho melhor você não se meter onde não é chamado. Eu estava ocupado e não achei que era importante dar seus recados. Eu virei seu garoto de recado? Ou sou responsável por marcar seus encontros com Kouga? Tipo cafetão? - Rei falara, tentando cortar aquele assunto.

O único problema era que Tsubasa não cortava assuntos, principalmente quando era literalmente desafiado. Cerrando os punhos, Dan se aproximou de Zero.

            - Desculpa, mas o assunto me diz respeito, sim. Você não viu o estado em que Kouga ficou o dia todo, o próprio Leo me disse que ele nem comera direito. E eu acho bom você prestar atenção no que fala, Rei, ou eu irei ter o prazer de mostrar quem é o cafetão aqui. - Tsubasa falou magoado.

            - Ah quer saber? Vai se foder, Tsubasa. Eu não preciso me explicar para você, para o Kouga ou para ninguém. - Rei gritara, empurrando o cavaleiro para longe.

            - Por que não tenta fazer isso? Vamos ver quem vai se foder. - Tsubasa disse, indo pra cima do Rei.

Leo se metera no meio, tentando apaziguar os dois cavaleiros, falando para eles pararem, a discussão perdendo o controle.

            - JÁ CHEGA!  - A voz de Kouga ecoara pelo ar, os dois cavaleiros se afastando e olhando para o Garo.

Leo se abraçara, abaixando a cabeça, vendo a magia que fizera informar onde os horrors estavam. Rei fora o primeiro a sumir, seguindo para uma das localizações indicadas, com Tsubasa indo para outro lugar. Leo levantou o rosto, indo com Kouga. A noite seria longa e não parecia ter um final muito bom.

***************************************************************************************************

Rei praguejava, o moreno não havia conseguido pegar os três horrors que encontrara, um deles conseguindo fugir. Já o estava caçando há horas e não conseguia localizar onde o desgraçado tinha se escondido. Droga de caçada, droga de dia, droga de Tsubasa. Droga de Rei.

Ele estava assim distraído quando fora acertado pelas costas, caindo no chão. Teria sido realmente uma morte idiota e merecida. A última coisa que vira fora a aparição de um bastão Bo, acertando o Horror em cheio e o jogando para trás. Zero viu Tsubasa surgir na sua frente, o rapaz tinha um corte no rosto e o braço estava sangrando.

Rei levantara, querendo dizer algum desaforo para Tsubasa, o rosto do menino sério, sombrio, até entristecido fizera com que ele não falasse nada. O horror voltara a atacar os cavaleiros, os dois lutando contra o demônio. Fora uma fração de segundos, Zero nem soube dizer como acontecera, apenas que vira o sangue explodir e o grito de Dan. O cavaleiro branco caiu no chão em um baque seco. O cavaleiro prateado levantou as espadas, convocando sua armadura, nem dando tempo para pensar, cortando o horror em pedaços, uma raiva incontrolável tomando conta de seu ser.

            - Que porra, Tsubasa? O que pensa que está fazendo? - Zero foi até o outro cavaleiro, vendo a gravidade de seu ferimento.

            - Não.. vou... deixar.. que nada... lhe aconteça! - O mais jovem disse, perdendo a consciência.

            - Ah, só o que eu precisava! - Rei o pegou no colo, o jogando sobre o ombro. - Vamos pra casa, Shiruba.

            - Você conseguirá cuidar dele lá? - O medalhão disse, preocupada.

            - Ele está apenas desmaiado, mas está perdendo muito sangue. - Goruba falara para os outros.

            - Vou olhar isso em casa. Shiruba tente avisar Zaruba ou Eruba. Fique tranqüilo, Goruba, Tsubasa ficará bem. - Zero disse, indo pelo caminho Makai, surgindo já em sua casa.

Ele colocou Tsubasa no sofá, pegando o que tinha para cuidar daquele ferimento, indo ate o rapaz e retirando seu casaco e blusa.  Se Leo estivesse ali seria bem mais fácil, mas teria de se virar sozinho até ele chegar. O único corte grave estava no ombro do rapaz e sangrava muito. Dan sempre fora tão teimoso. Rei cuidava dele em silêncio, terminando de colocar o curativo. Ficara sentado próximo a ele, o esperando acordar. O cavaleiro branco abrira os olhos, tentando se lembrar onde estava, relaxando depois que vira o Zero.

            - Estamos na minha casa, era o lugar mais fácil para cuidar do seu ferimento. Que droga foi aquela, Tsubasa? Queria me deixar com a consciência pesada ou algo parecido? Ou está pensando em deixar Kouga viúvo tão cedo? - Rei falara, indignado.

            - Não foi nada disso, você é um completo idiota Rei. O que você acha que eu ia fazer com alguém te ameaçando? - O mais novo falara.

            - Sei lá, não sou o Kouga para você ficar desesperado. - Rei nem vira de onde recebera o tapa, o cavaleiro olhou incrédulo para o outro. - Você me... deu um tapa?

            - Seu idiota, seu grande e estúpido idiota. É isso que pensa? Que não tem importância pra mim? O que acha, Rei, que eu levo pra cama qualquer um? É isso? Que eu dou pra qualquer um, por esporte, diversão? Passar o tempo?

            - Não, mas sei muito bem que foi comigo pra cama porque o Kouga estava junto! - Zero falara, segurando a mão do Tsubasa antes de levar outro tapa.

            - Seu filho da puta! Que Kouga estava conosco no ofurô em Kantai? Me diga, Rei, quem foi mesmo que estava comigo naquele banheiro, sendo que Kouga já havia saído até do quarto! Diz pra mim que acha mesmo que a gente transou ali por causa do Kouga! Você vai prestar atenção, pode ser que na sua cabeça seja assim, mas não é na minha.

            - Tá, okay, você gosta de mim e, ótimo, é um sentimento mutuo e não se atreva a sair por aí repetindo. Só não funciona assim, Tsubasa. - Rei dissera, ainda segurando o outro, fechando os olhos e pensando como conseguira estragar tudo tão rapidamente.

            - E como funciona, Rei? Me diz, como funciona? Ou acha que é fácil pra mim, ser obrigado a ficar longe, aguardando permissão para poder vir até aqui, ver Kouga, você e até mesmo Leo. Acha que não tenho como me preocupar com você? Nós dividimos a mesma cama, Rei. Dividimos bem mais que isso. - Tsubasa disse, ofegante. - Acha que é simples pra mim, que sempre vivi pelas regras, quebrar todas elas?

Rei fechara os olhos, não queria falar mais nada, não queria ferrar com mais ninguém. Ele segurou Tsubasa em seus braços, deixando o cavaleiro mais novo ali.

            - Eu não posso falar, não quero. Não me pergunte mais nada, Tsubasa. Só te peço isso. - Rei falou para o moreno.

Tsubasa suspirou, ficando quieto e deixando que ele o abraçasse. Estava cansado demais para continuar aquela discussão, mas sabia bem que não deixaria o assunto em paz. Eles estavam desse jeito quando Kouga e Leo chegaram, os dois preocupados, mas inteiros. O monge foi até o Dan, vendo como estava o ferimento, enquanto Rei conversava com Garo.

            - Não conseguimos pegar todos os Horrors, eles conseguiram escapar e quando Zaruba avisara sobre Tsubasa, achei melhor deixar para continuar amanhã. - Kouga falara com Rei concordando e explicando o que tinha acontecido.

Garo não falou nada referente ao erro, o cavaleiro parecia distante e pensativo, deixando Rei apreensivo.

            - Bom, já que todos estão aqui, vou arrumar algo para comer. Não sei vocês, mas estou morto de fome - Rei foi para a cozinha.

Em algum lugar começara a tocar uma musica bem alta, fazendo com que Rei pensasse que já era hora de mudar de vizinhança, pegando o que tinha de comida para ver se conseguia alimentar todos ali.

There's a new game
We like to play you see
A game with added reality
You treat me like a dog
Get me down on my knees

We call it master and servant
We call it master and servant

Leo deitou Tsubasa direito no sofá, guardando o pincel madou, falando para o Kouga que aguardava:

            - Ele ficará bem, está cansado e com um pouco de febre, mas estará de pé em algumas horas. - O monge disse.

Kouga foi até Tsubasa, passando a mão pelo cabelo escuro do rapaz, o vendo lutar para permanecer acordado e balançando a cabeça.

            - Deixe de teimosia, Tsubasa. Durma, estarei aqui. Estaremos aqui. - Ele viu o moreno concordar e fechar os olhos, virando o rosto contra a palma da sua mão.

Leo aguardou em silencio a interação entre Kouga e Tsubasa, o monge com a cabeça à mil, tentando formular como começaria aquela conversa. Foi retirado de seus pensamentos pela voz grossa do homem que amava.

            - Quando Tsubasa chegou ontem e você saiu, foi para aqui que veio? - Kouga disse, sem olhar para o monge.

            - Sim, eu estava preocupado com Rei-san, ele não retornava e nem atendia nossas ligações. - Leo respondeu, levantando o rosto para o Kouga - Não queria continuar a te ver sofrendo.

Kouga ficou quieto e sentado próximo a Tsubasa, deixando o mais novo ainda usar sua mão como um travesseiro. Somente a música que tocava do lado de fora da casa era escutada. Leo não sabia como continuar, todo aquele silencio o estava deixando ainda mais nervoso. Tudo bem que Garo nunca fora de se expressar com facilidade, mas não simplesmente ficar calado, sem expressão alguma. Lord viu o pote de creme sobre a mesa de centro, pegando ele nas mãos e se lembrando.

            - É o mesmo que o seu, não é? - O moreno perguntou.

         - É o favorito do Rei, o único que ele gosta de usar por ter um cheiro de vanilla, sempre me lembro dele quando sinto esse aroma. - Kouga disse. Leo arregalou os olhos.

Era por isso que Kouga tinha aquele creme, era o cheiro do Rei. Leo manteve o pote em suas mãos, ficando quieto.

            - Bom, não tem muita coisa, mas acho que dará para enganar. - Rei entrara na sala, trazendo a comida que conseguira arrumar, colocando ela na mesa de centro. - Tsubasa?

            - Ele está bem, precisa só descansar um pouco. Kouga conseguiu que dormisse pelo menos. - Leo respondera, deixando o creme de lado.

            - O que Kouga-kun não é capaz de conseguir, né? Vamos comer. - Rei disse, começando a pegar a comida.

Leo fez um sim, se ajoelhando próximo ao Rei, comendo devagar.

            - A comida foi comprada e não fui eu que fiz, Kouga-kun, pode comer que não irá te matar. - Rei dissera, vendo que o Garo nem se movera.

            - Não tenho fome, podem comer. - Foi a única resposta que recebera, sendo acompanhado do silêncio.

Rei não falou nada, continuando a comer. Parecia que aquilo durava horas, era um tipo de tortura, castigo. Leo deixou os hashis de lado, não conseguindo mais engolir nada. A voz do monge soou baixa e pausada.

            - Kouga-sama, está com raiva de alguma coisa? Fizemos algo errado? - Ele perguntou para o mais velho.

            - Você acha que fez algo de errado, Leo? - Kouga disse, diretamente para o monge, o vendo abaixar a cabeça. - Algo que queira me contar?

Rei fora responder quando o monge o cortara.

            - Por favor, me perdoe. Eu... não era para ter sido assim e não foi culpa de Rei-san, foi minha. Quando estava aqui, antes, eu e ele... nós... eu fui pra cama com Rei-san. - Leo disse, se curvando diante o Kouga.

            - Hei, não foi bem assim. Kouga, Leo não teve culpa de nada, eu que acabei forçando ele a transar comigo, você não precisa pensar em castigá-lo por isso. - Rei completara, vendo Leo começar a protestar, os dois tentando assumir a culpa daquilo sem envolver o outro, parando ao ouvir a resposta do ruivo.

            - Eu quero ver. - Kouga viu os dois morenos virarem a cabeça para ele, sem entenderem e surpresos, repetindo devagar o que falara. - Eu quero ver vocês dois juntos. Agora.

It's a lot like life
This play between the sheets
With you on top and me underneath
Forget all about equality

Let's play master and servant
Let's play master and servant

Rei e Leo ficaram olhando pro Kouga, sem reação. O ruivo levantou, tirando o casaco e o colocando sobre Tsubasa. Virando e indo ate o sofá, ele pegou o pote de creme, voltando até os outros dois amantes. Garo deu o objeto para o Rei, o puxando pelo braço e fazendo com que ficasse de pé, fazendo o mesmo com o Leo depois. Os dois foram conduzidos pelo mais velho até o quarto, o cavaleiro dourado indo até a cadeira que tinha ali em um canto e se sentando, cruzando as pernas enquanto olhava para eles, falando devagar.

            - Rei. - Zero fixou o olhar no Kouga, prestando atenção. - Tire sua roupa e a do Leo. Devagar.

It's a lot like life
And that's what's appealing
If you despise that throwaway feeling
From disposable fun
Then this is the one

Rei sentiu até um arrepio percorrer por sua espinha, havia algo na voz de Kouga que não dava para desobedecer. Fazendo exatamente o que lhe fora ordenado, Zero deixou que as peças caíssem no chão, esperando o próximo comando. 

            - Eu quero que faça exatamente o que fizeram hoje de tarde, da mesma forma que fizeram. - Kouga tinha as costas no encosto da cadeira, o rosto sério.

Rei suspirou, virando para um perdido Leo e balançando a cabeça. Ele segurou o rosto do monge, começando a beijá-lo e a levá-lo para a cama. Sentia que o monge estava nervoso, não conseguia relaxar o corpo. Zero procurou deixá-lo mais à vontade e seguro do que aconteceria. Apesar de ser bem diferente do que acontecera antes, não tinha como Kouga ver isso.

Aquele não era um ato de desespero ou de esquecimento. Rei entregava o mais puro carinho e amor ao monge, talvez por saber que Kouga estava olhando, que Garo havia pedido para que isso acontecesse. Cada beijo, carícia, cada gemido que conseguia retirar da boca do moreno era retribuído da mesma forma. Leo se contorcia na cama, as pernas levemente abertas e arqueadas, encaixando Zero no meio delas, se moldando de encontro ao cavaleiro prateado. Era um balé sensual que eles realizavam; uma entrega completa de corpo e alma.

Tomando coragem, ele pegou o pote das mãos do Rei, mergulhando os dedos nele, indo ate o sexo já duro do cavaleiro, subindo e descendo por toda a sua extensão. Zero gemia, movendo o quadril de encontro ao punho fechado em sua ereção como se o estocasse, voltando a beijá-lo. Kouga não tirou os olhos dos dois morenos, todo o carinho com que o cavaleiro prateado se movia, que travava o amante. Aquilo não era apenas sexo, era muito mais que isso, era um ato de amor.

Era como se Rei idolatrasse cada pedaço do outro moreno, procurando que ele sentisse ainda mais prazer, fazendo com que ele se sentisse seguro e amado.  Até mesmo quando Zero começara a chupar o sexo duro de Leo, não era a mesma coisa. Aquilo não era uma transa, ele não estava fodendo Leo, eles estavam se amando.

Kouga virou o rosto quando Leo jogara a cabeça pra trás, gozando na boca do Rei. O grito de prazer estrangulado, rouco. O movimento dos dois corpos, o monge reclamando baixo, Zero falando devagar com ele, pedindo para que relaxasse, a cama se movendo com os dois. Não precisava ver para saber que o cavaleiro prateado estava fundo dentro do outro moreno, estocando, as pernas dele em sua cintura. Ouvira cada momento até o clímax final, ouvira cada palavra, cada toque.

Não soube quanto tempo passara com silêncio entre eles imperando, apenas a música ecoando do lado de fora, virando e vendo os dois deitados, ofegantes, cansados. Satisfeitos. Rei virara o rosto na direção de Kouga, vendo o cavaleiro dourado no escuro e na penumbra, cansado demais para se mover, ficando deitado com Leo em seu peito. Adormecera com a visão do ruivo a sua frente, com o cheiro dele em sua mente. Com o calor de Leo ao seu redor.

Domination's the name of the game
In bed or in life
They're both just the same
Except in one you're fulfilled
At the end of the day
Let's play master and servant
Let's play master and servant
Let's play master and servant
Come on master and servant

Kouga esperou os dois dormirem, levantando e saindo do quarto e indo de volta para sala. Tsubasa parecia ainda bem adormecido. Ele parou para ver onde Shiruba estava, falando com o medalhão e avisando que voltaria para sua casa com Dan. Pegando o rapaz no colo com cuidado, Kouga deixou a casa de Rei, seguindo para a própria.

Shiruba observou com tristeza a saída dos dois cavaleiros, aquele sentimento de preocupação a dominando. Havia algo errado em toda essa equação. Ela só não conseguia descobrir o que.

***************************************************************************************************


Continua



0 comentários:

Postar um comentário