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Doce sonho (ou um lindo pesadelo)

Capítulo 9 - In Your Room


Sigma segurou a pena de ferro com a mão coberta pela luva, a colocando na chama madou. O monge viu o ferro brilhar e ficar avermelhado, se inclinando em direção ao prisioneiro e começando a escrever o encantamento em sua pele. Ele escrevia vendo a escrita marcar e sumir na pele, o sangue escorrendo devagar pelas marcas invisíveis. Kouga virou a cabeça, puxando os braços e tentando se soltar, sem emitir um único som.
            - Sempre tão valente e tão forte, não é Garo? Até consigo entender porque Leo o ama tanto, porque ele o deseja tanto. - Sigma disse, enquanto escrevia. Seu cabelo antes longo estava curto, repicado. - Quando mestre Sheloh me trouxe de volta e explicou o que deveria fazer por ele, era como um sonho se realizando. Poderia me vingar e me divertir, ao mesmo tempo.
Kouga rosnou baixo, sem ter muito mais o que fazer. Aquelas correntes não cederiam por mais que puxasse, algum tipo de encantamento as protegia. E havia a dor em seu quadril e baixo-ventre, a sensação de que estava cada vez mais fraco, mais esgotado. Usava de tudo que ainda tinha para não gritar, mas a mão de Sigma e o fogo em sua pele eram insuportáveis.

            - Deve ser horrível para você ouvir a minha voz e ver o meu rosto e ainda assim sentir toda essa dor, não? Kouga Saejima, o grande Garo. Acho que eu e Leo temos muito mais em comum do que pensava, apenas temos formas diferentes de demonstrar isso. - Sigma falava, procurando quebrar a resistência do cavaleiro dourado. - Quando éramos jovens e Leo dividia meus ideais, minha cama, minha vida, era fácil de enganar nosso pai. Quantas vezes não fui no lugar dele em um treino, em um teste? Leo não queria ser cavaleiro, queria seguir o caminho dos monges makai, queria servir ao grande cavaleiro dourado. Depois que te conheceu, ele quis bem mais do que te servir como monge e conseguiu. Me diga como é ter meu irmão na cama, Kouga? Ele é tão doce, servil, você deve adorar colocá-lo de  quatro e se satisfazer, não é?
            - Cala a boca. - Kouga disse, entre dentes. Queria arrancar cada palavra da boca daquele desgraçado, queria arrancar a língua dele por falar do Leo assim. - Você não tem como falar do Leo, não chega nem aos pés dele para isso.
            - Ora ora, então você realmente gosta do meu irmão. E dos outros também, não é? Tão único, o grande Kouga, que é capaz de amar a três pessoas diferentes. Um sultão e seu harém. Está na hora de aprender a servir, Garo. - Sigma disse, pesando a mão onde o encantamento de Sheloh estava, o fazendo finalmente gritar.
O primeiro grito fora o mais doce. Sigma demorava em sua obra, o monge madou olhando todos os símbolos que já havia colocado na pele clara do cavaleiro dourado.  Ele colocou a pena que usava para isso de volta no fogo,  o sangue escorrendo abaixo de seus pés. Kouga estava agora de olhos fechados, seu corpo coberto por uma fina camada de suor e sangue seco. Ele colocou a chama esverdeada sobre o cavaleiro, as marcas surgindo com bastante clareza.
            - Vamos continuar? Temos tanto o que fazer ainda. - Sigma disse, pegando uma adaga e indo ate a calça que Kouga vestia, cortando o tecido e a carne do cavaleiro. - Ah, cortou. Que pena, mas o que é um corte a mais, um corte a menos? Agora, meu passarinho, volte a cantar pra mim.
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Rei acordara gritando, o cavaleiro levantou em um pulo. Aquilo fora um sonho? Kouga e Sigma. Kouga sendo torturado. O que estava acontecendo? Zero ainda sentia o cheiro da carne dele sendo marcada a ferro por fogo madou, ainda ouvia os gritos dele. Sentiu a náusea vir, virando e vomitando. 
            - Rei! - Leo e Tsubasa estavam ao seu lado, o ajudando a ficar de pé.
            - Leo, o feitiço que fez. - Shiruba falara, atraindo a atenção deles. - Está funcionando. Eu vi o que Zaruba está presenciando. Nós vimos.
            - Kouga? - Leo perguntara
            - Sim. Leo, seu irmão estava lá e ele estava colocando um feitiço em Kouga. - Ela disse pausadamente, vendo o rosto do monge.- E ele usava a Pena de Ganon para isso.
            - Pena de Ganon? - Tsubasa olhou para o Leo que ficara pálido.
            - Dizem que é uma pena de ferro e que caiu do corpo de Ganon. É um instrumento perigoso e muito poderoso, com ele é possível marcar algo ou alguém, sem que apareça. Feitiços, bloqueios, o que desejar, é como marcar a ferro um objeto, só não é aparente sem o auxílio do fogo madou. A dor, porém, é sentida da mesma forma. - Leo fechou os olhos, vendo que Tsubasa entendera.
            - Os gritos de Kouga, os gritos dele. Eu não reconheci o feitiço, mas era bem extenso, ele estava marcando todo o seu corpo.- Shiruba explicou.
Tsubasa foi até Rei, imaginando como ele se sentia, ver Kouga sendo torturado e sem poder fazer nada. Zero aceitou o abraço de Dan, o corpo ainda tremendo, tentando se controlar do que tinha visto.
            - Precisamos localizá-lo, Leo. Precisamos fazer isso urgente. - Tsubasa tinha a voz embargada.
            - Eu e Jabi estamos usando de tudo o que temos e não temos para isso, mas o poder de Sheloh é imenso. Talvez eu pudesse pedir para Gajari.
            - E ficar devendo favor para aquilo? Ele vai exigir o Kouga de pagamento. - Jabi dissera, entrando com um copo de água e entregando para o Rei. - Temos que continuar. Kouga não é fraco e não irá se render facilmente.
            - Então, continuem! O que estão fazendo aqui, perdendo o tempo? - Rei jogou o copo contra a parede. - Tsubasa também pode ajudar.
Dan fez um sim com a cabeça, olhando os dois monges. Leo não falou nada, apenas seguiu com Jabi e  Dan, os três sentando em frente  a um altar, o peixe de Rekka nele e brilhando, tentando mostrar a localização de Kouga. Já haviam tentando seguí-lo, sem conseguir que ele reencontrasse o caminho ou chegando até a rua e ela mudando, voltando ao ponto de partida. Magia muito forte e poderosa protegendo aquele lugar.
            - Zero. - Shiruba falara. - Você irá salvá-lo, ele resistirá, acredite.
Rei ficou olhando o medalhão. Os gritos de Kouga ecoando em sua cabeça, sem parar. O sangue dele escorrendo, o sorriso de satisfação de Sigma. Desferindo o primeiro soco na parede, Zero só pode gritar.
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Sigma largou a Pena de Ganon, olhando o trabalho quase completo. Kouga estava desacordado, havia perdido mais sangue do que o esperado. O monge pegou as correntes que o mantinham suspenso, fazendo com que elas se movessem e o arrastando pelo chão.  Ele jogou o corpo inerte do cavaleiro sobre um balcão de pedra, voltando a prender suas mãos de uma forma que poderia mudar a posição dele, sem que o soltasse. Ele pegou seu pincel e apontou para o cavaleiro desacordado, vendo a  marca da maldição de Sheloh aparecer, rapidamente. Os feitiços se intercalaram, formando uma coisa só. Pronto, agora poderia partir para a segunda parte de seu trabalho.
Ainda usando o pincel, Sigma se aproximou de Kouga, passando ele devagar pelo corpo do cavaleiro, fazendo ele arquear o corpo pela dor, mesmo desacordado. Tão delicioso era aquilo. O monge passou a mão devagar pelo sangue que escorria, levando os dedos melados à boca e os sugando. Sentira a mudança imediata, os olhos dilatando. Ele teria que provar o resto, ele queria provar o resto. Segurou a base do sexo inerte do ruivo, usando o pincel e o deixando duro, começando a manipulá-lo devagar com a palma da mão. Lembrava do Leo fazendo isso com ele, de seu lindo e perfeito irmão obedecendo suas ordens, fazendo o que queria.
Sorrindo de forma sádica, Sigma engoliu o sexo de Kouga, começando a chupá-lo. Não havia delicadeza ou carinho no ato, não era em busca de prazer que o monge fazia isso. As palavras escritas no corpo de Kouga brilharam, o fogo surgindo delas, fazendo o cavaleiro despertar e gritar. A dor era insuportável, estavam lhe rasgando a alma, lhe sugando o pouco de energia que tinha. O monge sorriu, soltando o sexo do Garo, o apertando com força em suas mãos. Ele viu o ruivo tentar se soltar e se afastar, mas sem conseguir. O moreno colocou os dedos na testa do cavaleiro dourado, levando a mente dele para o lugar que desejava. Com o auxilio de sua magia e do poder do horror,  Kouga foi mergulhado no seu pior pesadelo.
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Kouga abriu os olhos. Estava em casa. Ele caminhou devagar já chegando onde era o quarto de seu pai e vendo a luz acesa. Estranhando isso, o ruivo foi até lá e, olhando para dentro, viu que Taiga estava parado de costas para a porta.
            - Pai? - Kouga estranhou a própria voz, se olhando e vendo que voltara a ser uma criança.
            - Você é uma decepção, Kouga. Como pude te chamar de filho? Eu deveria ter feito isso há muito tempo atrás. - Taiga virou e caminhou até o menino, o segurando pelo braço enquanto o arrastava na direção da cama. - É só para isso que serve mesmo, não é? Se eu pudesse ter trocado com Douji e adotado Rei no seu lugar, teria aí um bom herdeiro.
Kouga era arrastado não acreditando no que ouvia do pai. Aquilo não era real, não era verdade, não podia ser verdade. Ele foi jogado de encontro a cama, tentando sair dela e sendo preso ali pelo corpo maior e mais forte de Taiga. Ele não ia… não podia… era seu pai!
            - Pai, não! Não, não faça isso. Eu... me desculpe! Vou me esforçar, vou ser o cavaleiro que deseja que eu seja. - O menino se contorcia, as lágrimas escorrendo por seu rosto.
Ele recebera o primeiro tapa, arrancando sangue de seus lábios. Taiga segurou o rosto do filho com uma das mãos, tirando a roupa dele com a outra, os olhos do cavaleiro eram frios, cruéis.
            - Eu vou te ensinar a ficar quieto, a apenas obedecer o que lhe mandam. Vou ensinar qual o seu lugar, seu putinho.  - Taiga virou o filho contra a cama, segurando o pescoço dele firme e puxando o quadril do menino pra cima.
Kouga só conseguia chorar e gritar, a dor quando fora invadido quase o desmaiando. Aquilo não estava acontecendo, não estava. Não era seu pai que o estava violentando, que o rasgava ao meio. Taiga continuou até se satisfazer, largando o filho ali sobre a cama, como se fosse um boneco quebrado. Ele nem se dera o trabalho de tirar toda a sua roupa, subindo o zíper de sua calça e sorrindo, gargalhando.
Kouga permaneceu sobre a cama, dura e fria, soluçando. Sigma olhava o cavaleiro preso, conduzindo os pesadelos, aquelas visões, tudo que precisava para quebrar o seu espírito. Apesar de ser somente em sua mente que aquilo acontecia, o monge sabia que Garo sentia como se fosse real. Ele continuou a usar Taiga, ouvindo o choro da criança ao ser espancada e violentada pelo pai que amava e adorava. Ainda teria tanto para usar, ainda teria tanta coisa para brincar com o cavaleiro dourado.
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Tsubasa sorriu entre o beijo, Kouga se afastando e saindo do ofurô, deixando o Dan com Rei ali, sozinhos. Zero sorriu pro moreno, se aproximando dele e o beijando, os dois se encaixando perfeitamente bem um no outro. O beijo fora longo e quente, ambos procurando dominar a situação, ter o comando da relação, sem um dar o total controle para o outro. O cavaleiro branco gemera no meio dele, abrindo as pernas e subindo no colo do cavaleiro prateado, se esfregando ali de forma provocativa.
Rei soltou a boca do mais novo, segurando a cintura dele com as mãos, o ajudando a rebolar, seus olhos pedindo pela permissão para poder entrar em seu corpo, vendo o sorriso do Tsubasa e um sim quase inaudível. Com um movimento sensual e fluído, Zero entrara no canal apertado, deixando que Dan comandasse agora, a água ao redor deles movendo e tocando a pele do cavaleiro branco, escorrendo por ela. As gotas refletiam a luz do sol que entrava no ambiente, deixando a visão do corpo esguio ainda mais irresistível.
Ele cavalgava por sobre o Rei, se inclinando e buscando sua boca, o beijo se tornando ainda mais urgente, mais quente. A pressão no baixo-ventre dele aumentando, com a ereção do Zero encontrando sua próstata e fazendo com que tremores o percorressem. Tsubasa jogou a cabeça para trás, gritando o nome do cavaleiro prateado,  gozando na água quente e sentindo o amante fazer o mesmo dentro de si.
Rei segurou o corpo menor, o abraçando e o deixando junto a si, recuperando o fôlego. Tsubasa sorriu, o cabelo sobre os olhos, ele vendo Kouga no batente da porta e os observando. A expressão do ruivo feliz mudando para outra, para uma expressão de dor.
Tsubasa acordou, suado e tremendo. Haviam parado um pouco para descansar, o feitiço precisava agir sozinho e já havia se passado mais dois dias. Nem percebera que adormecera. Levantou a cabeça, estava deitado ao lado de Rei, ele o tinha colocado em seu colo e Leo estava dormindo do outro lado do Zero.
            - É o feitiço que eu e Leo criamos, a ligação entre vocês, Tsubasa - Jabi fez o cavaleiro a olhar. - Vocês estão revisitando pedaços do que já viveram com Kouga, possivelmente porque ele também está revendo isso, mas não da mesma forma.
Tsubasa se abraçou, os olhos fechados. Aquele dia havia sido tão bom, tinha sido perfeito. Sentiu os braços de Rei a sua volta, encostando o rosto contra o peito do Zero. Não queria chorar, era um cavaleiro makai, mas aquilo era demais. Rekka entrou com Rin e Shiguto, os três parados e vendo aquela cena, virando para Jabi, a sacerdotisa mais velha saiu, deixando os três cavaleiros sozinhos e levando os recém-chegados até outro cômodo. O monge já estava acordado também, ele puxara Tsubasa para o meio deles, o abraçando junto ao Zero, ficando assim por um tempo.
            - Ele está sofrendo tanto, a dor que sinto… é horrível. - Tsubasa tentou controlar o tremor em sua voz. - Sei que somos cavaleiros, que morrer é algo que pode acontecer a qualquer minuto, mas…
            - Mas não funciona assim sempre. Esse relacionamento, o nosso relacionamento. Nós mudamos muito, mesmo sendo cavaleiros makai, agora somos mais do que isso. Uma família. - Leo falara, limpando as próprias lágrimas.
            - E Kouga, Kouga é o amor de nossa vida, nossa alma, o que faz com que continuemos a lutar, sempre. O que nos uniu, primeiramente. - Rei confessara, apertando os punhos.- Mas devemos permanecer fortes, Tsubasa. Por ele. Se nós sentimos sua dor é capaz que ele sinta a nossa também. De alguma forma. Acreditar nele pode ser o que fará com que sobreviva e vença o que está acontecendo.
            - Eu sei. Eu sei. Leo, quando encontrarmos seu irmão, ele não escapará. Sei que é seu irmão, sei o que isso significa, mas ele não poderá escapar depois do que fez. - Tsubasa olhou para o monge.
            - Eu mesmo irei matá-lo. Nenhum deles escapará depois do que fizeram. - Leo disse, firme.
Os três ficaram em silêncio, pensando no homem que amavam e na forma que iriam salvá-lo e no que viria depois. Tsubasa não queria falar o que vira entre Kouga e Taiga, não entendera aquilo. Deveria ser algo que também estavam fazendo para atingir ao ruivo, não era possível que ele passara… Dan balançou a cabeça, tentando apenas esquecer.
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Kouga estava olhando para eles, viu  o sorriso de Tsubasa, a forma com que ele gritara o nome de Rei, o olhar trocado entre os dois cavaleiros. A forma como Dan depois o encarara, o sorriso desaparecendo, a voz fria:
            - Saia, não precisamos mais de você. Nunca precisei, na realidade, o que eu poderia querer com alguém como você? Fraco. - Tsubasa falava para o Kouga, sendo acompanhado pela risada do Rei.
            - Tsubasa-chan, não ligue para ele, esqueceu o quanto ele gosta disso? É só um idota qualquer. - Rei falara, puxando Dan para um beijo longo.
Kouga sentiu o braço ser puxado e ele foi jogado contra a parede. Gonza o estava olhando com tanta fúria, tanto ódio. O mordomo caminhou de encontro ao rapaz, desferindo o primeiro tapa sem falar nada, fazendo com que ele batesse de encontro a parede novamente.
            - Gonza, o que está fazendo? - Kouga disse, levando outro tapa, caindo no chão.
            - Foi por sua culpa que Taiga-sama está morto, você o matou! Agora eu vou ensinar qual o seu lugar, seu moleque burro. - Gonza tirou o cinto que usava, sem falar mais nada, apenas acertando o corpo do Kouga.
Kouga não conseguia revidar, não conseguia fugir, o couro do cinto cortando sua pele e carne. Como Gonza poderia falar aquilo?  E o pai, o que Taiga lhe fizera durante dias... não, aquilo não podia ser verdade, não era verdade. O mordomo o segurou pelo cabelo, voltara a ser uma criança enquanto era arrastado. Estava novamente naquela floresta, estava novamente no lugar em que seu pai morrera, vendo Barago o matar.
Tentava se soltar desesperadamente, a mão firme  do mordomo no seu cabelo, puxando com tanta força que quase o arrancava da raiz. Viu o corpo do pai levantar e olhar na sua direção, a armadura de Garo surgindo ao lado e caminhar com Taiga. Ele conseguia ver o buraco que Barago fizera no seu corpo. Taiga segurou o menino pelo pescoço, a armadura de Garo prendendo os braços deles. A única coisa que conseguia fazer era gritar e pedir que parassem, mas nenhum parou. Sua roupa fora retirada, Kouga sabia o que aconteceria, sabia o que fariam.  A risada de Gonza se misturou aos seus gritos.
Sigma colocou o pincel junto a sua mão, os dois tocando a testa do Kouga. Os gritos dele, o choro, a dor que sentia; tudo era música aos seus ouvidos. Aquilo já durava alguns dias, três se ele não estava errado e ainda faltava algumas coisas para mostrar ao cavaleiro dourado. Ele sorriu quando Garo fora recusado e humilhado por todos que conhecera em sua vida. Jabi, Rekka, Shiguto, o monge Amon. Todos foram usados para trazer dor e tristeza à alma do cavaleiro dourado. Faltava o ponto principal, aquele que destruiria sua resistência e vontade.
O monge sorriu, a visão já tomando caminho e Kouga vendo Rei e Leo juntos, na própria cama do ruivo. Os dois cavaleiros entregues em um ato de paixão, sexo e obscenidade. A voz do Rei falando que amava somente o monge, que ficaria com ele apenas. A resposta apaixonada de Leo, dizendo que odiara ter deixado Kouga o tocar, que agora somente Zero poderia fazer aquilo. Os dois olhando o Garo, com desprezo e ódio, rindo do cavaleiro. A voz do Zero dizendo que tudo não passara de uma mentira, que ele nunca seria nada além do que uma boa foda.
Sigma viu o feitiço explodir, o corpo do Kouga ficar inerte e seu espírito ser finalmente subjugado. O barulho de Zaruba caindo ao chão, a voz do anel chamando pelo cavaleiro, totalmente em vão.
            - Você conseguiu. - A voz de Sheloh soou no recinto, fazendo Sigma se ajoelhar. - Muito bem. Leve o cavaleiro até os meus aposentos, o banhe e o deixe em minha cama.
            - Como desejar, meu mestre. - Sigma falara, vendo o horror sair, virando para o Kouga e sorrindo, falando baixo para ele. - Agora vamos ver o quanto gostará da sua nova vida, Garo.
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Rei entrara na sala bem no momento em que o feitiço conseguira localizar o Kouga, mostrando onde ele estava, o cavaleiro virando para dizer algo quando sentiu. Ele, Tsubasa e Leo caíram de joelhos ao mesmo tempo. Kouga.
            - Zaruba, Zaruba está gritando. - Shiruba falava, em desespero.
Leo levara a mão ao peito, Eruba também falava junto com Goruba, a dor que sentira, o que tinha acontecido. Sabia o que seu irmão fizera e qual feitiço ele usara. Sabia agora o que Sheloh queria com Kouga. Rekka estava ao lado do monge, o ajudando. Jabi e Rin estavam com os outros, Rin segurando Rei, tentando entender o que estava acontecendo, todos falando ao mesmo tempo, os objetos, os cavaleiros. Todos.
            - UM DE CADA VEZ - Jabi gritara, puxando Tsubasa pra cima. - O que aconteceu? - Ela perguntou pro Leo
            - Foi como se eu sentisse que algo era arrancado, um pedaço da minha alma, um pedaço do meu corpo. Eu senti Kouga desistir, se entregar e seu espírito desaparecer. Jabi, Sheloh usou o feitiço de escravidão, ele não matará o Kouga, ele irá usá-lo contra nós. - Leo respondera, se apoiando na Rekka.
            - O feitiço de escravidão, se isso é verdade… - Jabi olhou para os cavaleiros, assustada.
            - Ele já subjugou o espírito, precisa subjugar o corpo usando seus poderes. - Leo viu os outros não entenderem. - Sheloh domina as pessoas através de sexo e controle. Ele violentará Kouga até que ele se renda por completo e se torne seu escravo.
Todos ficaram olhando pro Leo, o silêncio que imperava era pior do que se estivessem gritando. Era ensurdecedor.
            - E quando isso acontecer, nada irá salvá-lo. Sua alma terá sido consumida e ele será apenas uma casca vazia. - Leo não conseguia controlar as mãos, elas tremiam de medo e ódio.
Rei fora o primeiro a gritar, a fúria explodindo no peito do cavaleiro. Ele não permitiria aquilo, nem que morresse tentando. Nenhum deles dissera mais nada, apenas pegaram suas coisas e saíram. Não havia mais o que dizer, aquela era uma luta onde eles matariam ou morreriam para salvar o Garo.
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Sigma terminou de limpar o corpo do Kouga, o levando no colo até o quarto  de Sheloh e o prendendo à cama do horror. Segurou o rosto do cavaleiro com os dedos, beijando a sua boca e se afastando. Ouvira a música que tocava no lugar, achando melhor não demorar muito ali e atrapalhar aos planos do demônio. Pelo pouco que entendia daquele idioma, ela era bem adequada ao momento.
In your room
Where time stands still
Or moves at your will
Will you let the morning come soon
Or will you leave me lying here
In your favourite darkness
Your favourite half-light
Your favourite consciousness
Your favourite slave

In your room
Where souls disappear
Only you exist here
Will you lead me to your armchair
Or leave me lying here
Your favourite innocence
Your favourite prize
Your favourite smile
Your favourite slave

I'm hanging on your words
Living on your breath
Feeling with your skin
Will I always be here
O monge retornou até o lugar em que trabalhara, pegando Zaruba nas mãos e colocando o anel em uma caixa. Ele o deixou em cima da mesa em que Kouga estava, o sangue ainda pingando até o chão. Voltara pelo caminho até seus aposentos, vendo Sheloh se dirigir até seu quarto. Não queria estar na pele do cavaleiro dourado, mas sentia uma inveja terrível do horror. Queria ter tido permissão de experimentar bem mais do que pudera do Garo, mas era o privilégio do demônio.
Entrou no seu quarto, tirando o casaco que usava. Voltaria  a escutar os gritos de Kouga muito em breve, ouviria ele pedir e implorar, chamar pelo irmão, pelo Zero e pelo Dan. E veria, no fim, Garo matar a todos. Sheloh entrou no quarto, vendo o cavaleiro preso à sua cama. O horror retirou devagar a blusa que usava, fechando a porta. Caminhou até o ruivo, as mãos brilhando com a sua energia e sua forma mudando para a original, o longo cabelo loiro caindo por suas costas. Ele usava uma calça solta, as orelhas eram longas e pontudas e haviam asas que saiam de suas costas. Com um movimento ele fizera o cavaleiro recuperar a consciência, os olhos meio vítreos ainda mantinham algum aspecto do que ele era, sua força e sua vontade. Estava na hora de escravizá-lo pela eternidade.
            - Olá, Kouga. - o Horror disse, lambendo os lábios. - Não se preocupe, não está sozinho. Nunca estará. Eu sempre estarei aqui, com você. De hoje e pela eternidade.
In your room
Your burning eyes
Cause flames to arise
Will you let the fire die down soon
Or will I always be here
Your favourite passion
Your favourite game
Your favourite mirror
Your favourite slave

I'm hanging on your words
Living on your breath
Feeling with your skin
Will I always be here

Will I always be here
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Continua.

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